Fundamentos (I): Cristo, Nossa Rocha - Diz a Bíblia
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Fundamentos (I): Cristo, Nossa Rocha

Introdução

“Chegando-se a ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vocês, como pedras que vivem, são edificados casa espiritual para serem sacerdócio santo, a fim de oferecerem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por meio de Jesus Cristo.” (1 Pedro 2:4-5)

Nesta série, trataremos de um assunto muito importante: os fundamentos da nossa fé. Assim como uma edificação precisa ter fundamentos sólidos, a nossa fé requer fundamentos bem  estabelecidos. Caso contrário, assim como uma casa construída sobre bases frágeis rui, a fé também pode sucumbir. Se não edificarmos a nossa casa espiritual tomando o verdadeiro fundamento como base, ela não resistirá às intempéries que lhe sobrevêm repentinamente. Lembremos da figura de linguagem registrada no ensinamento de Mateus 7:24-27, onde o Senhor Jesus deixou instruções claras sobre edificar a fé sobre fundamentos sólidos. Para a casa edificada na areia, ventos, chuvas, rios e intempéries significam desastre. Por outro lado, para a casa construída na rocha, são eventos incapazes de derrubá-la. 

O primeiro fundamento de que precisamos ter conhecimento é, sem dúvidas, a pessoa de Jesus. O Senhor Jesus foi posto por Deus como fundamento, sobre quem nossas vidas  devem ser erigidas. Ele é a “pedra angular, no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor” (Ef 2:20b-21, ARA). Ele é “a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa” (1Pe 2:4b). 

No decorrer desta série,  faremos uma explanação sobre algumas verdades da Palavra de Deus quanto aos fundamentos da fé cristã. Em oração, pedimos ao Espírito Santo para que Ele seja o nosso professor. Dessa forma, você receberá a informação, ganhará dEle todo o entendimento, sentirá o mover dEle em seu coração e será, enfim, edificado.

A figura do edifício

A palavra do Senhor usa muitas parábolas, metáforas, figuras de linguagem, em geral, para explicar assuntos de natureza celestial, espiritual. Elas, porém, são em grande parte baseadas em figuras de natureza terrena e situações que vivemos cotidianamente como um meio de facilitar a compreensão daqueles assuntos. Entre essas figuras, encontra-se aquela de um edifício em construção. 

Em Judas 20-21, lemos: “mas vocês, meus amados, edificando-se na fé santíssima que vocês têm, orando no Espírito Santo, mantenham-se no amor de Deus, esperando a misericórdia do nosso Senhor Jesus Cristo, que conduz para a vida eterna”. Vejamos que o tempo verbal em “edificando” indica que algo está sendo construído. Ou seja, há uma obra sendo executada que ainda não terminou. Paulo usa a mesma figura de linguagem em Efésios 2:20-22 ao dizer: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem-ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor”. Pelo Espírito Santo, podemos enxergar que há uma realidade espiritual incutida nesses versos. O edifício somos nós, povo de Deus, igreja do Senhor! Estamos sendo “construídos” como um edifício para que Deus habite nele.

Pedras vivas de uma casa espiritual

Uma segunda figura de linguagem que faz referência à igreja do Senhor está descrita em 1 Pedro 2:4-5: “chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.” Aqui, Pedro chama o Senhor Jesus de pedra eleita e preciosa, enquanto os seus servos são denominados de pedras que vivem. Quão interessante é esta figura! Para o Senhor, somos como pedras vivas!

O que está sendo feito com essas pedras? O texto diz que elas estão sendo empregadas na edificação de uma casa espiritual. Mas que casa espiritual é esta?

Você, eu e todos aqueles que creem em Jesus tornaram-se como pedras vivas para edificar a casa de Deus. Todavia, deixe-me abrir um parêntese neste ponto. A “casa de Deus” não deve ser entendida como o lugar onde você se reúne com outros irmãos sob a mesma fé para adorá-lo e cultuá-lo. Este lugar é um local de reunião que você não deveria nem mesmo chamar de templo. Por quê? 

Os templos foram construídos no passado por homens que criam que deuses pudessem habitar neles corporificados em estátuas ou imagens de escultura. Claramente, Salomão construiu um templo para abrigar a Arca da Aliança, mas, em todo o tempo, a divindade de Deus nunca se rebaixou a templos feitos por mãos humanas. No Novo Testamento, encontramos o discurso do apóstolo Paulo aos filósofos gregos, quando disse: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas” (At 17:24). O entendimento é que Deus não habita em templos construídos com pedras naturais. Um edifício feito de pedras, por mãos humanas não se compara à verdadeira habitação espiritual de Deus. Tal habitação somos nós mesmos, a Sua casa espiritual, a qual se constrói com pedras vivas. Então, somos nós o templo de Deus!

Retornando ao texto de 1 Pedro 2:4-5, conseguimos compreender que somos edificados em casa espiritual para sacerdócio santo, a fim de oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. E isto fazemos pela fé.

Cristo, o único fundamento

O processo da edificação deve ser compreendido à luz da Palavra. Algumas instruções foram deixadas por Paulo, quem uma vez inspirado pelo Espírito Santo, atestou que Cristo é o principal fundamento para a construção do edifício. Em 1 Coríntios 3:10-11, lemos: “segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo”. Veja que Paulo afirma que lançou um fundamento como prudente construtor para que outro edificasse sobre esse fundamento. Porém, ele também faz uma ressalva. “Cada um veja como edifica”. Ninguém pode lançar outro fundamento além do que foi posto, a saber, Jesus Cristo. Aleluia! Jesus Cristo é o único fundamento de Deus. É sobre esse fundamento que nós edificamos a nossa vida. 

Veja que a Palavra do Senhor fornece um encadeamento de figuras que se assemelham a uma construção civil, mas repletas de realidade espiritual. O edifício espiritual (a habitação do Senhor em nós) é formado por pedras vivas (cada crente em Jesus) sob o único fundamento (Jesus Cristo), por meio do qual a nossa fé é edificada. Paulo ainda diz: “ninguém pode lançar outro fundamento”. Diante de Deus não há outro fundamento, a não ser Jesus Cristo, o filho de Deus. 

A primeira coisa, então, que cada um deve fazer é colocar sua vida sob este fundamento: Jesus Cristo. Se você ainda não o fez, você não está sendo edificado em Cristo, mas seguindo o seu próprio projeto ou o plano de outrem. A palavra do Senhor nos diz que Jesus, é o único fundamento. Não podemos nos embasar em outro! Porque “não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4:12). A seguir, veremos como você pode colocar esse fundamento na sua vida para que você seja edificado sobre ele.

Confessando o nome de Jesus

Eu gostaria de relembrar a experiência marcante de confissão que Pedro vivenciou com Jesus. Leiamos Mateus 16:13-18: “Indo Jesus para a região de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos: — Quem os outros dizem que é o Filho do Homem? E eles responderam: — Uns dizem que é João Batista; outros dizem que é Elias; e outros dizem que é Jeremias ou um dos profetas. Ao que Jesus perguntou: — E vocês, quem dizem que eu sou? Respondendo, Simão Pedro disse: — O senhor é o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então Jesus lhe afirmou: — Bem-aventurado é você, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que revelaram isso a você, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. 

Que coisa maravilha! Observe como Pedro se posicionou. O ensino que extraímos dessa experiência é que todos nós, sem exceção, se quisermos que nossa vida seja fundamentada em Jesus Cristo, teremos que passar pela mesma experiência de Pedro. Deixe-me pontuar quatro etapas que caracterizam essa experiência.

Em primeiro lugar, notamos que Pedro teve um encontro pessoal com Jesus. Todas as pessoas precisam ter um encontro com Jesus, uma conversa pessoal e íntima. A pergunta que Jesus faz para cada pessoa é: “Quem você diz que eu sou?”. Jesus pergunta para você o mesmo: “quem você diz que eu sou?”. A sua própria resposta dirá se você tem Jesus, o filho de Deus, como fundamento, ou não. As demais pessoas eram religiosas e diziam que Jesus era “um profeta”, uma “versão de Jeremias”, ou “de Elias”. 

Hoje em dia, muita gente enxerga Jesus apenas como personagem histórico. Um homem judeu, nascido em Israel, líder, visionário, que fazia o bem e marcou a época em que viveu. Ou seja, pensam que Jesus passou… Porém,  Jesus volta-se para os discípulos e lhes pergunta: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Pedro impetuosamente toma a dianteira e responde: “tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”. Que coisa tremenda! Jesus olha para Pedro e lhe responde: “não foi carne e sangue que revelaram isso a você, mas meu Pai, que está nos céus”. Pare por um momento e reflita sobre isso. Não é carne, nem sangue, não é homem ou mulher, nem o entendimento humano que revela a pessoa de Cristo, mas o Pai, o próprio Deus!

Assim, a segunda característica que emana da experiência de Pedro é que o Pai revela  a pessoa de Cristo às pessoas. É Deus, pelo Espírito Santo, que pode nos revelar quem de fato é Jesus. Para vermos Jesus Cristo não apenas como o homem de Nazaré que esteve nesta terra, mas como o Filho de Deus, precisamos receber a revelação de Deus que fará toda a diferença em nossa vida. Quando entendemos que Jesus é o Filho de Deus, temos condições de reconhecê-lo.

O reconhecimento de que Jesus é o Filho de Deus é, por sua vez, a terceira característica ressaltada pela experiência de Pedro. Reconhecer que Jesus é o Senhor equivale a receber clareza em nosso espírito acerca de seu senhorio. É uma transformação interior. Esta mudança gera um efeito exterior.

Esse efeito exterior é a quarta característica da experiência de Pedro: confessar o nome de Jesus publicamente. Jesus disse que aquele que o confessasse diante dos homens, seria por Ele confessado diante do Pai e dos anjos (cf. Mt 10:32-33). Confessar Jesus é crer que Ele é o filho de Deus. Quem tiver a mesma experiência de Pedro, terá a vida eterna, pois a Bíblia diz que quem tem o filho de Deus, tem a vida eterna. Aquele que não tem o filho de Deus, não tem a vida eterna (cf. Jo 6:47; 1Jo 5:12,20).

Vejamos o que Paulo escreveu em Romanos 10:9-10: “se com a boca você confessar Jesus como Senhor e em seu coração crer que Deus o ressuscitou dentre os mortos, você será salvo. Porque com o coração se crê para a justiça e com a boca se confessa para a salvação”. Ou seja, você fala não de “boca para fora”. Você fala porque creu em seu coração. Se com a boca você confessar Jesus como Senhor e em seu coração crer que Deus o ressuscitou dos mortos, você será salvo! Você será salvo, você receberá vida eterna! Não estará mais separado de Deus! Que coisa tremenda! 

É algo tão simples o Evangelho de Deus. Entretanto, a Palavra de Deus afirma que muitos, embora ouvintes dessa verdade, recusam o Evangelho para a sua própria perdição. Quero conclamar aqui… Se você ainda não teve essa experiência de reconhecer Jesus como filho de Deus,  não perca a oportunidade. Abra o seu coração e receba Jesus! 

A primeira coisa que todos deveriam fazer ao crer em Jesus é falar dele para alguém. A partir de agora,  abra seu coração para que você também faça essa confissão pública. É necessário. Diga: “creio que Jesus é o filho de Deus. Ele não é mais apenas o Jesus de Nazaré. Ele é o Filho de Deus e realizou a obra em meu favor. Ele morreu em meu lugar”! O Evangelho de Deus resume-se aos dizeres de João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

As pequenas pedras e a Grande Rocha

Neste ponto, eu gostaria de abrir um parêntese para fazer uma observação sobre a experiência de Pedro. O texto que lemos em Mateus 16:18 é frequentemente interpretado de maneira equivocada quanto à representatividade de Pedro na Igreja de Cristo. Quando Jesus diz: “digo que você é Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”, muitos dizem que é sobre Pedro que está o fundamento da igreja, já que seu nome remete à ideia de “pedra”. Todavia, em grego, o nome de Pedro, “Petros” (gr. Πέτροσ), significa “pedra pequena”, ou “seixo”.

Pedro foi um homem, da mesma natureza que eu e você. Ele foi cheio de falhas. Mesmo após ter adquirido a revelação acerca do Senhor Jesus, ele deixou a desejar. Leia um pouco mais à frente e veja o que Jesus disse a Pedro quando este o redarguiu por causa do advento da crucificação: “Então Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: — Que Deus não permita, Senhor! Isso de modo nenhum irá lhe acontecer. Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: — Saia da minha frente, Satanás! Você é para mim uma pedra de tropeço” (cf. Mt 16:22-23b).

A situação era a seguinte. Jesus falou que deveria ser crucificado. Pedro então começou  a criar obstáculos para Jesus quanto ao seu propósito de ser crucificado e morrer por nós. Jesus volta-se para Pedro e lhe responde duramente: “saia da minha frente, Satanás”. Satanás havia colocado um pensamento na mente de Pedro. Por isso, Jesus se utiliza da metáfora “pedra de tropeço” para se referir a Pedro. Pedro era um homem imperfeito assim como eu e você. Como, então, ele poderia ser ao mesmo tempo “pedra fundamental” e “pedra de tropeço”? Claramente, Jesus não lançou sobre Pedro o fundamento da Igreja. 

Independentemente de sua condição humana, Pedro creu no Senhor Jesus. Isto é o mais importante! Tanto é que, mais tarde, ele foi muito usado por Deus. Diz a Bíblia que, após a ressurreição de Jesus, no auge do Pentecostes em Jerusalém, Pedro pregou para muitas pessoas e, maravilhosamente, 3.000 pessoas creram em Jesus e foram batizadas (cf. At 2:41). Ainda assim, Pedro falhou por outras vezes. Em uma certa ocasião, Paulo teve de exortar Pedro publicamente em Antioquia porque ele estava confundindo alguns irmãos e impondo-lhes costumes judaicos (cf. Gl 2:11-14).

Estou dizendo isso para você entender que não é sobre Pedro que será edificada a Igreja de Deus, como alguns insistem em afirmar. Sublinhe o que vou repetir aqui. Volte ao texto de Mateus 16:18 e veja as palavras originais em grego: “tu és Pedro (gr. Πέτροσ) e sobre esta rocha (gr. πέτρα) edificarei a minha igreja”. “Petros” é a “pedra pequena”, mas “pétra” (πέτρα), é uma rocha maior, um penhasco, uma cordilheira, uma rocha que se projeta. Isto é, em outras palavras, Jesus disse que Pedro era uma pedra pequena – o que podemos entender como parte de uma rocha –, mas que a igreja seria edificada sobre uma grande rocha. Pedro é a pedra menor, mas Jesus a Rocha Maior.  A revelação que Pedro recebeu foi justamente esta: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”, a Rocha, de quem todos nós devemos ser oriundos e nela nos apoiar. Jesus é o fundamento sólido e único. 

Portanto, grave em seu coração: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (cf. 1Co 3:11). Se você já tem Jesus como fundamento de sua vida, graças a Deus por isto! Caso contrário, busque uma experiência com Jesus. Você será transformado. Você não será perfeito nesta terra, mas uma mudança ocorrerá em você. Ninguém pode encontrar Jesus, de fato, adquirir a revelação de que Ele é o Filho de Deus e não ser transformado. Então, o Senhor Jesus é a Rocha sobre a qual cada um de nós, ainda que como pedras pequenas, devemos edificar nossas vidas.

O homem prudente

A edificação de nossas vidas não pode se conduzir de qualquer maneira. Leiamos Mateus 7:24-27: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram com força contra aquela casa, e ela não desabou, porque tinha sido construída sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram com força contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína”.

Essas palavras foram proferidas por Jesus. Ele está estabelecendo aqui como devemos edificar a nossa vida. A edificação deve ocorrer sobre a Rocha, de maneira que permaneçamos inabaláveis. O processo da edificação inicia-se pelo “ouvir a Palavra”. Edificar a casa sobre a rocha é ouvir e guardar as palavras de Deus. Perceba que não há nada de complicado aqui. A sua fé só é edificada se você ouvir a Palavra de Deus e praticá-la. Não há nada misterioso ou complexo. A recomendação de Jesus é para ouvirmos a sua palavra e a praticarmos. Se você fizer assim, você será comparado a um homem prudente. 

Infelizmente não existe apenas a pessoa prudente, mas também a pessoa insensata, ou tola. Tolo é quem trabalha muito, gasta energia e suor para construir sua casa, mas a edifica no lugar errado. Se alguém coloca a sua fé em algo diferente de Jesus Cristo, equivoca-se. Fazer isto é como construir uma casa sobre a areia. Qualquer vento que romper sobre ela a derrubará. Profeticamente dizendo, quando enfim chegar o dia do encontro com o Senhor, nada permanecerá em pé. Mas Jesus está dizendo aqui para sermos prudentes. Esta parábola tem um objetivo muito claro. Ela recomenda que sejamos prudentes.

Se usarmos a sabedoria e a prudência com toda a simplicidade, ouvirmos a Palavra do Senhor e praticá-la, nossa fé será edificada. Relembre do que já foi dito aqui. Devemos nos edificar na nossa fé santíssima (cf. Jd 20). A edificação se desenvolve quando ouvimos e praticamos a Palavra de Deus.  

Como se ouve as palavras de Deus? Lendo a Bíblia! A Bíblia é a Palavra de Deus. O que tenho ensinado aqui a você é a Palavra de Deus. Ouça-a e a coloque em prática. Fazendo assim, você será uma pessoa prudente e sábia, e não tola.

Edificando a sua vida

Vamos ler Lucas 6-46:49: “Por que vocês me chamam ‘Senhor, Senhor!’, e não fazem o que eu mando? Eu vou mostrar a vocês a quem é semelhante todo aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica. Esse é semelhante a um homem que, ao construir uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha. Quando veio a enchente, as águas bateram contra aquela casa e não a puderam abalar, por ter sido bem-construída. Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que construiu uma casa sobre a terra, sem alicerces, e, quando as águas bateram contra ela, logo desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela casa”.

De que adianta falarmos que Jesus é o nosso Senhor se não fazemos o que Ele manda?O trecho acima mostra que Jesus era direto e simples nas mensagens que ele trazia. Ele não fazia “arrodeios” de palavras. Não precisamos ficar nos enganando com palavras religiosas,   fantasiosas, falar “bonito”, usar um vocabulário muito “espiritual”, mas sem realidade. 

Atente-se para o que Jesus disse. Em outras palavras, “se você me chama de Senhor, por que não faz o que mando? Quem vier a mim, ouvir as minhas palavras e praticá-las, eu chamarei de prudente, porque edifica sua casa sobre a rocha”. É a mesma passagem que já lemos no livro de Mateus. Porém, no livro de Lucas, ela é contada com mais detalhes. Preste atenção. O prudente cava, abre uma profunda valeta e põe alicerces sobre a rocha. A rocha é o Senhor! Ele é nosso fundamento! Temos que colocar tudo sobre essa rocha. 

Deixe-me enfatizar esta parte do texto que acabamos de ler: “Esse é semelhante a um homem que, ao construir uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha. Quando veio a enchente, as águas bateram contra aquela casa e não a puderam abalar, por ter sido bem-construída.”. Não é impressionante? A primeira coisa que o homem prudente faz é construir uma profunda vala. Nos dias atuais, o processo de fundação em uma obra de construção talvez seja um pouco diferente, mas imagine como se você tivesse que construir uma casa de maneira simplificada, sem maquinários ou tecnologias avançadas. Naquela época, era assim… O trabalho devia ser duro! Eu já construí uma casa, e quem já lidou com isso sabe como é difícil!

O homem prudente então abriu valas para fazer as sapatas. Vejam como é interessante… Antes de colocar os alicerces é preciso cavar uma vala profunda. Para se cavar uma vala profunda, muito material tem de ser posto para fora, terra, pedras, entulhos, lixo. Para estabelecer alicerces sobre a rocha não é diferente. De fato, assim ocorre com a nossa vida. Uma vez crente em Jesus, você precisa edificar a sua vida e fé sobre o único fundamento que é o Senhor. Isto pode ser trabalhoso. Talvez você precise abandonar práticas, transformar seu estilo de vida, renovar a sua mente. Essa edificação começa no dia que você recebe a revelação que Jesus é o Filho de Deus e o confessa e prossegue evoluindo até aquele dia especial quando nos encontraremos com o Senhor. Durante a sua vida inteira você estará  edificando a si mesmo sobre este fundamento. Nunca parará! Entretanto, um esforço precisa ser feito. Inicialmente, temos de cavar a vala. Ou seja, desfazer-se de entulhos! 

Lançando fora os entulhos 

Há um irmão cujo ministério eu aprecio muito. O nome dele é Derek Prince. Ele já faleceu e está com o Senhor. Seus livros são excelentes e seu ministério foi muito frutífero. Ao interpretar este texto de Mateus acerca da abertura da vala, ele sugere que precisamos tirar pelo menos cinco coisas da nossa vida antes de começar a caminhar com Jesus e edificar a nossa fé. Eu gostaria de citar para você quais são elas: 

    • Tradição. A tradição que conservamos pode ser até boa, mas ela não deve trazer impedimentos para que sigamos Cristo. Certamente, você já ouviu algumas pessoas dizerem algo como: “cresci assim, sou assim e morrerei assim”. Isso, porém não é verdade quando se crê em Jesus… O Senhor quer transformar a vida de quem crê nEle. Se você é tal pessoa, é sinal de que precisa cavar mais a sua valeta e lançar fora esse entulho! Seja a sua tradição religiosa, seja cultural, não deixe que ela a impeça de pôr alicerces em Jesus para que sua vida se edifique.
    • Preconceito. Todos somos cheios de preconceitos que devem ser eliminados. Há lugares onde as pessoas carregam terrivelmente preconceitos raciais, tanto que umas não se aproximam de outras. Alguns depois de crer em Jesus e começarem a congregar com irmãos na fé desenvolvem certos preconceitos “denominacionais”. Dizem: “– Ah, não! Fulano? Não dá para conversar com gente assim, não…” O fato é que sua fé não será edificada caso você permaneça com esse tipo de preconceito. Às vezes, imaginamos que uma pessoa crente é um tanto “estereotipada” em relação ao nosso conceito… Depois, descobrimos que, na verdade, essa pessoa é quem estava, de fato, cheia de Deus! Não devemos cultivar nenhum preconceito, ou racial, ou social. Deus nos livre disso!
    • Idéias pré-concebidas. Ideias pré-concebidas são posturas mentais que admitimos, principalmente acerca da pessoa de Cristo e dos irmãos que formam a sua Igreja. Alguns podem pressupor que Jesus é comparável à figura do Papai Noel, por ambos terem um caráter de bondade. Não! Primeiro porque o “papai Noel” é uma mentira. Segundo, porque o Senhor Jesus é o Soberano, o rei dos Reis, o Senhor dos senhores, o que recebeu um nome que está acima de todo nome (cf. Fp 2:9-11). Não criemos ideias fantasiosas acerca de Jesus! Às vezes, também, temos ideias erradas sobre o modo de vida cristão, sobre como é ser cristão. As pessoas fazem estereótipos na cabeça e começam a imaginar que um cristão é um ser “de outro mundo”. Ideias pré-concebidas são fruto de ensinamentos da tradição. Um cristão, crente em Jesus, que professa o Seu nome não “tem que” ser “assim” ou “assado”. O cabelo “tem que” ser curto [ou longo]; mulheres “tem que” [ou não] se maquiar; mulher deve [ou não] usar apenas saia [ou calça]. Isso e aquilo… Sinto muito se você é um desses… Falo isto com todo amor, mas quebre essas ideias em sua mente. Aprofunde mais a vala da mentalidade de Cristo e cresça nEle!
    • Incredulidade. A incredulidade atrapalha o nosso progresso de edificação da fé em Jesus. Todavia, tudo é por fé! Os efeitos positivos do crescimento em Jesus vêm por fé e pela certeza de que tudo Ele já fez por nós. Por fé também antevemos o que Ele ainda fará através de nós! Nós precisamos crer! Tenha fé! A incredulidade é um inimigo tão sério que os próprios conterrâneos de Jesus não experimentaram os milagres e maravilhas que Ele realizou. Diz a Bíblia em Marcos 6:1-6 que, certa vez, Jesus foi visitar a sua terra, Nazaré. Chegando lá, nada mais fez em milagres senão curar uns poucos enfermos ao lhes impor as mãos. Por quê? Por causa da incredulidade daquele povo! A incredulidade limita o poder de Deus em nossa vida. Extirpe a incredulidade de si para que seu processo de edificação em Cristo avance!
    • Rebelião. O último ponto citado pelo irmão Prince é a rebelião, que dispensa comentários adicionais. O coração rebelde negligencia a vontade de Deus. Porém, toda rebeldia contra a vontade de Deus resulta em duras consequências (cf. Nm 16)). O Senhor condenou a rebelião como pecado de feitiçaria (cf. I Sm 15:23) e recomenda que tenhamos um coração disposto a ouvir a sua voz (cf. Hb 3:8,15). Então, procure aprofundar sua valeta imediatamente! 

A Palavra orienta o plano de construção

Depois de cavarmos a valeta, Jesus começa a olhar para nós de maneira diferente. Ele enxerga um feixe de luz de prudência raiando. Daí, o que mais fazer? Discutiremos essa resposta com mais profundidade no próximo capítulo, mas a resposta é: orientar-se pelas Escrituras. A Palavra de Deus é a planta da construção. Nela estão todos os detalhes da obra perfeita.

Se precisamos ouvir a Palavra de Deus e praticá-la, como podemos fazer isso hoje?Qual deve ser a nossa atitude em relação à Bíblia? Faça uma autorreflexão sobre como está seu relacionamento com a “planta” da construção. Lembre-se que Jesus é o nosso fundamento.  Se olharmos para Sua história, encontraremos nEle o modelo de imitação a ser seguido quanto à forma de  encarar as Escrituras. É claro que na época de Jesus não havia o Novo Testamento. Porém os livros do Antigo Testamento eram a referência. Eram as Escrituras. 

Jesus faz uma afirmação interessante em João 10:35 ao dizer:  Se ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus — e a Escritura não pode falhar —, então como vocês dizem que aquele que o Pai santificou e enviou ao mundo está blasfemando, só porque declarei que sou Filho de Deus?”. Ou seja, Ele está dizendo que aquilo que está escrito – que nós chamamos de Bíblia – é a palavra escrita de Deus. As Escrituras são a Palavra de Deus! É assim que o Senhor Jesus se refere a elas. 

Veja que coisa maravilhosa! Deus escreveu uma “carta de amor” para nós, a Bíblia. Veja como é interessante isso. Falo “carta de amor” porque é o amor de Deus expresso em palavras, em nossa linguagem humana. Por outro lado, não é uma comparação imprópria. A Bíblia começa narrando um casamento. Em Gênesis, Deus criou o homem Adão e lhe deu Eva como esposa.  Deus foi o “casamenteiro”. E quando você chega ao final da Bíblia, nos últimos capítulos, (cf. Ap 19-22), lá se fala de um casamento portentoso. São as bodas do Cordeiro e sua esposa, sua noiva, que a si mesma se ataviou. Percebeu?! A Bíblia fala novamente de um casamento, mas um casamento celestial. Então, a história narrada pela Bíblia é a história do amor de Deus pela humanidade. De Gênesis a Apocalipse, conta-se uma história de redenção como um plano que começa e termina pela união [simbólica] de Deus com as pessoas redimidas. E essa história, a Bíblia, as Escrituras, são fielmente a Palavra de Deus. 

E em relação a essa carta de amor de Deus para nós, a primeira coisa você precisa fazer é crer que Jesus é o Filho de Deus. Por isso, a Bíblia afirma que aquele que crê que Jesus ressuscitou dentre os mortos será salvo (Rm 10:9-10). Que tremendo! O que significa crer que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos? Quer dizer  crer que Jesus está vivo, que Ele não é meramente aquele “homem de Nazaré”, mas, muito além disso, é Deus! Ele é o Verbo, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo 1:1). Jesus é o Verbo eterno. Quando Ele se encarnou, Ele era o Verbo e nunca deixou de ser também o verbo de Deus. No final do livro do Apocalipse, Jesus é chamado novamente de o Verbo de Deus, ou Palavra de Deus (gr. Λογοσ τού Θεού; cf. Ap 19:13). Ele é a expressão de Deus. Que coisa grandiosa! Ele é a palavra viva de Deus, que se encarnou em forma humana e habitou entre nós. 

Voltando ao foco… Qual era a relação de Jesus com as Escrituras? Jesus sempre ratificou as Escrituras. Precisamos fazer o mesmo. Por exemplo, na sua tentação, Jesus foi levado ao deserto. Diz a Bíblia que Jesus, tendo sido batizado, cheio do espirito Santo, foi conduzido ao deserto para ser tentado por Satanás (cf. Mt 4:1-11). Por três vezes, Satanás, usando as Escrituras e dizendo “está escrito”, insistiu para que Jesus abnegasse da fidelidade a Deus, mas as respostas de Jesus sempre iniciavam com uma expressão fulminante: “também está escrito”. Satanás tentou argumentar contra Jesus inclusive usando o que está escrito no Salmo 91:11-12 (“dará ordem aos seus anjos, eles vão te socorrer”), mas Jesus o rebateu magistralmente citando Deuteronômio 8:3, depois Deuteronômio 6:16 e, por último, Deuteronômio 6:13. O que isto quer nos dizer? Jesus cita essas três passagens para confirmar que a Palavra de Deus era verdadeira. E Satanás sabia disso. Satanás cria na palavra de Deus. Ele sabe que ela é verdadeira. 

Assim como Jesus enfrentou Satanás apenas com o conhecimento da palavra escrita de Deus, nós também devemos utilizá-la para nos edificarmos. Lembre-se do homem prudente… “Aquele que ouve as minhas palavras e as pratica…” Além disso, é do mesmo modo que vencemos batalhas contra o inimigo. Através da palavra escrita de Deus. Quando oposições lhe sobrevierem, declare a Palavra em fé, resista ao diabo e ele fugirá de você (cf. Tg 4:7). E isto acontecerá porque está escrito! 

Jesus lidou com as Escrituras com muito domínio. Igualmente, somos chamados para ter habilidade e conhecimento da Palavra de Deus. Toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse, é inspirada por Deus. Ela é o sopro de Deus. Para sermos edificados,  precisamos ouvir o que está escrito e praticarmos o que Deus quer que pratiquemos. 

Jesus diz para sermos pessoas prudentes, tais quais o homem que edificou a sua casa sobre a rocha. Virão todos os tipos de provação, rios, tempestade, chuvas sobre nós, e baterão com ímpeto. Mas nossa casa não cairá! Aleluia! Portanto, edifiquemos a nossa vida em Cristo, ouvindo a sua Palavra e praticando o que ela nos orienta. Dessa maneira, estaremos edificando sobre a rocha e não seremos derrotados. 

Habitaremos com o Pai

Deixe-me encerrar lendo João 14:19: “Mais um pouco e o mundo não me verá mais; vocês, no entanto, me verão. Porque eu vivo, vocês também viverão. Naquele dia vocês saberão que eu estou em meu Pai, que vocês estão em mim e que eu estou em vocês. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. Então Judas, não o Iscariotes, disse a Jesus: — Por que razão o Senhor se manifestará a nós e não ao mundo? Jesus respondeu: — Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e o meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.”

Se amamos Jesus, guardamos a sua Palavra. E o Pai nos amará e fará morada em nós. Glória a Deus! Deus quer nos dar a experiência da realidade de ter o Espírito Santo morando em nós. É claro que o Espírito Santo já habita no crente, mas aqui Jesus acrescenta: o Pai viria para nós. Essa realidade de o Pai vir para fazer habitação para estar conosco é alcançada quando guardamos a Palavra e a praticamos. Quem ama Jesus, guarda seus mandamentos. 

Então, consolide este ensino em seu coração. Jesus Cristo é a rocha na qual todos devemos ser edificados. Ele é o único fundamento! Nada construímos sobre outro fundamento. Ouvindo e praticando a palavra de Deus, começaremos a edificar a nossa vida em Cristo e teremos a morada do Pai.

Rio de Janeiro, Brasil, 21 de julho de 2020.


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Imagem de capa: “Pedra sobre rocha”, por Gustavo Oliveira. Uso livre.


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